Como tudo começou...







Diz o ditado popular que "lembrar o passado é sofrer duas vezes", mas, apesar de valorizar a sabedoria popular dessa vez tenho que discordar! Vou explicar o motivo. Minha memória infantil é muito forte, tenho a felicidade de lembrar momentos de quando ainda era muito criança na faixa do primeiro ano de vida. Lembro detalhes do lugar que morei nessa época mesmo nunca mais tendo voltado nessa casa, a não ser passando pelo lado de fora. E foi nessa época que chegou até minhas mãos o que poderia ser apenas um brinquedo, uma distração infantil, um simples objeto que após ter sido tanto usado seria jogado fora, depois de quebrado descartado. Mas, para minha sorte o assunto não foi brincadeira, aquele brinquedo marcava o começo de uma história, ele se tornaria o símbolo do objeto que nunca mais saiu de minhas mãos e que me acompanha em todo lugar que estou, se não fisicamente pelo menos nos pensamentos, esse presente perpétuo foi minha primeira Viola Caipira. Maior ainda que minha memória infantil é o cuidado com algumas coisas, não é somente minha primeira violinha que tenho guardado, conservei mais algumas coisas da infância, brinquedos eram poucos, na época muito caros, meus exércitos eram formados por soldados de caixas de fósforos, meus castelos eram de cartas de baralhos velhos e uma sacolinha, barbante e uma pedra virava um paraquedas facilmente. Além disso, não saem do pensamento as vaquinhas de laranja e chuchu dentro de currais de gravetos, tudo feito por mim com ajuda e ensinamentos de uma tia avó, irmã mais velha da minha avó materna, na sombra de um pé de tamarindo nos fundos da casa que ela morava, mas isso é prosa para outra oportunidade. Hoje só queria falar da minha primeira violinha e contar como começou a história de quem hoje por todo lado que vai é reconhecido e chamado por Violeiro.



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